Estudante da Unoesc inventa tecnologia que potencializa a inseminação artificial

No agronegócio, as práticas para aumentar a produtividade e reduzir os custos têm sido perseguidas por toda a cadeia produtiva.

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Estudante com o professor João Henrique Bagetti, no 41º Combravet.
Estudante com o professor João Henrique Bagetti, no 41º Combravet.

No agronegócio, as práticas para aumentar a produtividade e reduzir os custos têm sido perseguidas por toda a cadeia produtiva. Depois do surgimento da agricultura de precisão, foi a vez dos criadores de gado encontrar na pecuária de precisão a técnica para garantir eficiência. E qual seria a solução para a suinocultura? Quem tem a resposta é o acadêmico e pesquisador Jeferson Rodrigo Gatti do curso de Engenharia de Produção Mecânica da Unoesc Joaçaba. Depois de três anos de pesquisas, ele desenvolveu uma nova tecnologia que permite otimizar o processo de inseminação artificial. A técnica foi aplicada em suínos e, segundo ele, a invenção é o começo da inseminação artificial de precisão.

O termo é, na verdade, uma maneira de explicar o invento com base nos conceitos de eficiência produtiva, isso porque a tecnologia permite prolongar a vida das células fora do organismo de quatro para sete dias, o que representa uma melhora na qualidade biológica das células espermáticas para fins de reprodução. O resultado é um bom número de animais nascidos por inseminação artificial, mesmo após sete dias de sobrevida celular. — O que ocorre é uma manipulação da energia da célula espermática contida no sêmen. São três equipamentos que fazem funcionar a tecnologia — explica Jeferson, ao enfatizar que o resultado desse processo é um aumento de 65% da motilidade espermática e uma redução de 20% da mortalidade espermática, quando comparado ao processo convencional. Para a suinocultura, a invenção de Gatti, desenvolvida com material de baixo custo e fácil aplicabilidade, surge como proposta de redução dos custos da inseminação artificial, uma vez que evita o desperdício do material biológico do animal e ainda diminui o estresse do macho doador pela menor frequência de coleta do sêmen. — [A nova tecnologia] vai beneficiar muito produtores, principalmente da nossa região. A ideia é fazer parceria com uma empresa de grande porte, até em nível internacional, para colocar isso no mercado com eficiência — planeja Jeferson, que trabalha agora no refinamento da pesquisa para que a técnica possa ser utilizada em escala comercial. Patente de Invenção A descoberta científica possibilitou ao estudante a geração de três patentes de invenção, algo raro hoje em dia. De acordo com o professor do curso de Engenharia de Produção Mecânica João Henrique Bagetti, que orienta Jeferson na pesquisa, o feito é notável, pois a maioria das patentes concedidas são de inovação, ou seja, aperfeiçoamento de uma invenção. — A tecnologia foi aplicada em suínos, mas pode ser adaptada para outros animais, como o mesmo efeito — afirma Jeferson. Outro mérito da pesquisa é o encontro multidisciplinar da engenharia com a biologia. Para chegar à solução, Jeferson estudou profundamente os conteúdos referentes às células espermáticas e o seu comportamento biológico para encontrar um ponto de junção entre as duas áreas tão distintas. Para isso, ele contou com o incentivo do professor Bagetti, de outros profissionais e também de empresas. — Como engenheiros nós temos que olhar também para os problemas das outras áreas para desenvolver soluções que possam melhorar a produtividade — observa o professor. A pesquisa científica que resultou na tecnologia que potencializa a inseminação artificial foi apresentada no 41º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária (Combravet), ocorrido no mês de agosto, em Gramado (RS). O trabalho científico ficou entre os 40 melhores da área de reprodução animal, selecionados entre mais de mil, e foi elogiado pelos principais profissionais da área de avaliação científica do congresso. — Muitas pessoas, mesmo na engenharia, acabam esquecendo de sonhar. Por trabalhar muito com a lógica, acabam não colocando em prática o que seria uma ótima ideia, embora pareça maluca. Mas o importante é pôr à prova e utilizar o conhecimento para criar coisas novas — recomenda Jeferson.

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