Língua criada em Herval d'Oeste é tema do curta “Larfiagem”, que estreia dia 25 de abril

Assista o trailer abaixo Larfiagem | trailer from Ombu.

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Língua criada em Herval d'Oeste é tema do curta “Larfiagem”, que estreia dia 25 de abril

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Larfiagem | trailer from Ombu on Vimeo. Nos anos 1950, para conseguir uns lirpias, ou seja, algum dinheiro para sobreviver, comprar giriubes e ir ao cinema, driblar fiscais, policiais e até os próprios pais, crianças e adolescentes que faziam bicos como engraxates, carregadores de malas e conviviam com viajantes da estação ferroviária de Herval do Oeste inventaram sua própria língua, a Larfiagem, Grinfia ou Hervalês, como é mais conhecida. Assim, a cidade do Meio Oeste catarinense, às margens do Rio do Peixe, hoje com 22 mil habitantes, tornou-se “poliglota”. Décadas depois, o filme Larfiagem (18'40”, 2017), de Gabi Bresola, uma realização da Ombu produção e Magnolia Produções Culturais, resgata a memória de seus últimos falantes e os segredos dessa língua inusitada. O filme será lançado dia 25 de abril, às 19h30, no Teatro Alfredo Sigwalt em Joaçaba, como parte da mostra Cinema à Vista, do SESC Joaçaba, com entrada livre e presença dos participantes do filme e da equipe. Vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema 2013, o curta é resultado de pesquisa da própria diretora Gabi Bresola (nascida em Joaçaba, cidade ao lado de Herval, separada pelo Rio do Peixe) e do escritor e pesquisador Dennis Radünz em material de arquivo, pesquisas acadêmicas, entrevistas e fotografias. No filme estão oito “catedráticos” da língua, seus inventores e falantes, que tinham entre 7 e 15 anos e hoje têm por volta de 60 a 70 anos. As gravações aconteceram em novembro de 2014 e janeiro de 2015, em Herval, com produção local de Omar Dimbarre, em Florianópolis e Meia Praia, e teve apoio de empresas do Meio Oeste na hospedagem e alimentação da equipe. Larfiagem significa falagem (de larfia, fala). O termo foi usado em pesquisas acadêmicas e trabalhos publicados em livro sobre a história da cidade. A língua sobrevive, embora fragmentada, em palavras e expressões dos moradores. A ideia inicial era de um livro, mas um encontro da diretora por acaso na zarquia (casa) de sua avó com um dos inventores, Carlos Tratsk, e uma conversa com Dennis Radünz, resultou no projeto do filme. “Sempre quis saber de onde vinha, escutava na rádio, ouvia os meninos falarem das meninas no colégio, em vários pontos da cidade. É um filme pessoal e autobiográfico, sobre uma Herval que não existe mais, acho que foi isso que me moveu”, conta a sormia (moça) Gabi Bresola, 24 anos. Entre os principais criadores da língua estão Tupirajara Adail Marcelino Mafra, o Tupira, e João Maria de Jesus, o Corvo, negro que sempre usava roupas pretas e chapéu, personagem emblemático da cidade e já falecido. Os falantes que participam do filme nos levam de volta ao universo particular que criaram quando crianças. Alcari Schizzi, o Curinga ou Rustinga, falecido depois das filmagens, traduziu diversas marchinhas de carnaval e relembrou a relação da língua com os viajantes que passavam pela estação de trem, hoje desativada, e o trabalho dos maleiros. O barbeiro Tomaz Pereira (Torresmo), da segunda geração do grupo, larfeia com os clientes, entre eles Bruno Rogério Espada, que também aparece no filme. Adão Luiz de Oliveira conta causos e reza na larfiagem. Carlos Tratsk conversa com sua esposa Terezinha e ensina os netos. Getúlio Galvão foi professor e experienciou o desenvolvimento da língua em diferentes períodos. Antônio Dalla Costa (Nico) foi o primeiro a registrar de forma escrita a língua. Oswaldo Ignácio Padilha também carregava malas e João da Silva, que hoje vive em Florianópolis, era da geração mais jovem de falantes. O DVD do filme será lançado em maio, com legendas em português, espanhol e inglês, um glossário de palavras já cadastradas e outras incluídas e revisadas pela própria diretora, extras das entrevistas e o making of. A distribuição será para escolas e instituições, e haverá exibição na mostra Noite da Pipoca na Unoesc de Joaçaba e nas escolas públicas de Herval. FILMOGRAFIA DA DIRETORA Gabi Bresola nasceu em 1992, em Joaçaba, e desde que ouve, vê e fala se interessa por imagens. Hoje em dia, mais por imagens impressas e audiovisuais. É artista visual e fez pesquisa e direção dos curtas "Larfiagem", trabalhou na produção dos filmes "Antonieta" de Flávia Person e "Documentário" de Rafael Schlichting, Direção de arte do curta-metragem "Rio da Madre" de Fábio Brüggemann e assistência de arte dos filmes "Do que te lembras, Maria?" de Mara Salla, "Noite Clara" de Felipe Vernizzi e a novela "Mulheres na indústria" de Zeca Pires. Mais sobre ela: http://cargocollective.com/gabibresola FICHA TÉCNICA Direção: Gabi Bresola Produção: Ombu produção e Magnolia produções Assistente de direção: Adriane Canan Produção Executiva: Flávia Person Assistente de Produção: Matias Eastman Platô: Natália Poli Produção Local: Omar Dimbarre Direção de Fotografia: Felipe Vernizzi Assistente de fotografia: Tiaraju Verdi Som Direto: Marcelo Téo Segunda câmera e still: Fábio Brüggemann Trilha sonora original: Dimitri Camorlinga e Jefferson Nefferkturu Edição e finalização: Alan Langdon Pesquisa: Dennis Radünz e Gabi Bresola APOIOS CULTURAIS Hotel Jaraguá, Estação Pastel, Brollo Lanches, Caitá Supermercados, Panificadora e Confeitaria Multi Doces, Proservin. Apoio no lançamento: SESC Joaçaba. GLOSSÁRIO Mirco = eu Voresque = você Sormia = moça Urco = um Zordio = dois Trocare giriube = trocar gibi Minercio = cinema Rompe com larciame = pão com salame Sirne morne = sim, cara (usado como cumprimento) Texto: Barbara Pettres 

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