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Rodrigo Leitão O vinho começou a ser produzido cerca de 7 mil anos atrás, “nos tempos do Dilúvio”, nas regiões da Armênia e da Geórgia, no Cáucaso, segundo registros arqueológicos. Chegou ao Egito cerca de 3 mil anos antes de Cristo, muito provavelmente levado por comerciantes cananeus. Nos anos 1980, pesquisadores ingleses encontraram sementes silvestres de uva, ao sul de onde hoje está a cidade do Cairo. Esta é a evidência mais antiga de manuseio da fruta no Egito, segundo a historiadora inglesa Hilary Wilson, especialista em história do Mediterrâneo.  De acordo com os arqueólogos, um jarro de vinho intacto  e com estampa real do faraó Den (primeira dinastia de faraós) no selo, também foi encontrado. Foi a partir do Egito que o vinho passou a ter maior glamour e, de lá, teve seu primeiro contato social com a região mediterrânea. O vinho chegou à Itália, pelo calcanhar da bota, nas regiões de Puglia e Sicília, no início da Idade do Bronze na Europa, cerca de três mil anos antes de Cristo, muito provavelmente levado pelos reis pré-Grécia e por navegadores egípcios. Uma descoberta anunciada esta semana corrobora com as datações feitas pelos cientistas britânicos há três décadas. Análises químicas sobre jarros antigos, feitas por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida e publicadas no  “Microchemical Journal”, apontaram resultado positivo para a bebida. Esta é a mais antiga evidência de restos de vinho em artefatos encontrados na península italiana, segundo o estudo. De acordo com o professor Davide Tanasi, chefe da pesquisa, as análises foram feitas em cerâmicas não vitrificadas encontradas no sítio arqueológico da Idade do Bronze de Monte Kronio, em Agrigento, na costa sudoeste da Sicília. Segundo ele, os testes indicaram a presença de resíduos de ácido tartárico e seus sais de sódio, que ocorrem naturalmente nas uvas e nos processos de fabricação de vinho. “É muito difícil e raro verificar a presença destes resíduos em artefatos arqueológicos porque isto requer que as jarras antigas sejam desencavadas intactas”, explicaram os pesquisadores. A nova fase do estudo vai verificar se este vinho era branco ou tinto. A pesquisa também revelou que a plantação de videiras e a produção de vinho na região em que hoje está a Itália teve início em meados da Idade do Bronze, entre 1300 a.C. e 1100 antes de Cristo.  A Moscato di Siracusa é dessa época Um vinho italiano raríssimo, feito de Moscato di Siracusa, é considerado o mais antigo produzido na Itália. Sua origem remonta aos séculos 8 e 7 antes de Cristo — mesma época dos vestígios encontrados pelos pesquisadores norte-americanos. Este vinho estava praticamente extinto, apesar da criação da Denominazione di Origine Controllata em 1973. Foi a vinícola Pupillo, na Sicília, fundada em 1908, que resgatou esta uva, na região onde existiram as primeiras colônias gregas na Sicília. Até este empreendimento, o lendário vinho de Moscato di Siracusa era conhecido praticamente só nas estórias dos produtores locais. O Pollio Moscato di Siracusa é elaborado com uvas levemente passificadas no próprio cacho. É um vinho doce, leve e delicado, apropriado para entradas e ou sobremesa e, sobretudo, raro e histórico. Uma iniciativa de Nino Pupillo, que nas últimas décadas vem reconstituindo os vinhedos de seus ancestrais. O objetivo é resgatar o renome do vinho Moscato di Siracusa, uma bebida milenar que estava praticamente extinta.  Está à venda no Brasil por U$ 60,00 ou R$ 197,00.

Rodrigo Leitão, Especialista em Enogastronomia.

O colunista dedica-se há três décadas ao jornalismo e já passou por redações como O Globo, Jornal de Brasília, TB Brasília, TV Band e Rádio Band News FM, em Brasília, onde atua no segmento de comunicação e eventos. Rodrigo Leitão organiza anualmente o Brinda Brasil – salão do espumante de Brasília, o maior encontro nacional exclusivamente com produtores de espumantes. Ele já atuou nas áreas de economia, política, internacional, cultura e saúde, onde conquistou vários prêmios.

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