'Ninguém nunca vai saber', diz delegada sobre motivo de homem matar filha no Dia dos Pais

'Ninguém nunca vai saber', diz delegada sobre motivo de homem matar filha no Dia dos Pais

, 46 visualizações
Sem imagem
Sem imagem

A delegada responsável por investigar o caso da mãe e da filha mortas pelo pai a tiros no domingo (13), Dia dos Pais, em Guaraci (SP), disse em entrevista ao G1 nesta terça-feira (15) que ficou chocada com a gravidade do crime e não imagina o que pode ter provocado a tragédia familiar.

"O que pode ter levado um pai a expressar tanto ódio para dar três tiros no peito de uma filha? Ninguém nunca vai saber porque não deu tempo nem dela desabafar com alguém", diz a delegada Débora Cristina Abdala Nóbrega.

O agente penitenciário Ronaldo da Silva Corrêa, de 49 anos, atirou na mulher, Rosicleia da Silva, de 46, que era professora e diretora em uma escola municipal, e na filha Anna Victoria Corrêa, que fez homenagem de Dia dos Pais para ele minutos antes de ser morta.

Segundo a delegada, Anna tinha 17 anos e não 18 como a Polícia Militar havia divulgado inicialmente. Ela afirma que vai ouvir alguns parentes das vítimas, entre eles a mãe de Rosicleia, para instaurar inquérito e encaminhar para o Fórum, onde deve ser arquivado, já que o autor do duplo homicídio morreu. Após matar mulher e filha, Ronaldo deu um tiro na cabeça, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

"Não temos o que apurar. Vou ouvir a família para instruir o inquérito porque é procedimento que deve ser feito devido às mortes, porque o suicídio dele não é crime", explica.

O casal tinha três filhos, entre eles um menino de 5 anos, que teria presenciado o duplo homicídio e conseguiu correr para pedir ajuda. Ele foi acolhido por vizinhos, não se feriu e deve ficar com parentes até a Justiça decidir de quem será a guarda dele. "Não há condições de ouvi-lo. Ele é muito novinho e será encaminhado para tratamento psicológico", diz a delegada.

De acordo com ela, a mãe de Rosicleia esteve na casa da família cerca de 20 minutos antes do crime. "Segundo o que apurei no local, a mãe dela foi à casa, mas aparentemente estava tudo bem."

Débora diz que em 21 anos de carreira já viu alguns casos chocantes, mas nunca vai se acostumar com histórias como a do último domingo. "Sou mãe, tenho família e ouvir uma criança de cinco anos dizer que está com saudade e quer a mamãe é muito difícil. Não existe motivo para ele ter feito isso."

A delegada comenta que Guaraci, cidade com cerca de 10 mil habitantes, está totalmente triste. "Até o ar da cidade está triste. Há muitos comentários sobre o motivo do crime, mas isso não tem mais importância. Acabou a história, acabou tudo", lamenta.

Ela comenta que o fato de o crime ter ocorrido logo após a jovem ter feito homenagem ao pai fez com que a história fosse ainda mais comovente.

"Pelo o que contamos no local, ele deu três tiros no peito, um na fonte (cabeça) e um na perna da filha, mas não estamos com o laudo ainda, por isso, não temos certeza de quantos tiros foram disparados. Foi terrível. A pessoa pode trabalhar 50 anos, mas nunca vai se acostumar com cena como esta e, infelizmente, ninguém nunca vai saber o que de fato aconteceu."

Após o crime, o filho mais velho do casal, que mora em Mato Grosso, veio à cidade e não quis falar com a imprensa. Os três corpos foram velados e enterrados na segunda-feira (14) em Guaraci.

Fonte: G1

Notícias relacionadas