Projeto com plantas gera reflexões sobre conhecimento científico e popular no IFC Luzerna

Projeto com plantas gera reflexões sobre conhecimento científico e popular no IFC Luzerna

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Projeto com plantas gera reflexões sobre conhecimento científico e popular no IFC Luzerna

Gengibre, macela, arruda, boldo e hortelã: esses são alguns dos ingredientes que, se misturados com doses de história e biologia, podem se transformar em um poderoso elixir de ensino, conhecimento e ciência. Prova disso é um projeto que está dando o que falar em Luzerna, no Meio-Oeste de Santa Catarina, mais precisamente no campus do Instituto Federal Catarinense (IFC). Foi neste ambiente que nasceu o projeto Botica da Natureza, sob coordenação das professoras Letícia Tramontini (biologia) e Isabel Cristina Hentz (história).

Fruto de conversas entre as duas docentes fascinadas pelo conhecimento popular, a ideia surgiu para potencializar o debate sobre plantas medicinais e conteúdos da ciência. “Iniciamos o trabalho em 2015. Ficamos um mês atuando juntas, uma entrando na aula da outra”, conta Letícia. “O Botica da Natureza é um projeto de ensino integrado entre as disciplinas de história e de biologia, realizado com as turmas dos primeiros anos do Ensino Médio Integrado do IFC e que tem por objetivo debater a botânica, ou seja, o estudo das plantas e a sua relação com a saúde, a medicina e a sociedade em diferentes momentos históricos”, diz a professora. Os trabalhos em sala iniciaram com alunos e professoras debatendo sobre algumas plantas importantes para determinadas culturas. As equipes também estudaram a anatomia de cada vegetal, as diferentes partes que os compõem e como são utilizados para a cura. “Os poderes curativos das plantas são conhecidos há muito pela humanidade. Ao longo de toda a história, os conhecimentos sobre botânica foram muito importantes para a promoção da saúde”, explica Isabel. “Ainda hoje utilizamos em nosso cotidiano chás, remédios caseiros ou até medicamentos fitoterápicos industrializados. A própria indústria farmacêutica, uma das áreas de mercado que mais lucra atualmente, utiliza extratos e princípios ativos conhecidos das plantas na composição de seus medicamentos.” Trabalhando o conteúdo de história, a professora Isabel destacou junto aos estudantes que o conhecimento sobre as plantas nem sempre foi bem aceito. “Durante a Idade Média e a Idade Moderna, por exemplo, o saber das curandeiras sobre a natureza e seus efeitos sobre a saúde humana eram vistos como feitiçaria pela Igreja Católica. Abordamos temas como o poder da Igreja Católica, a Inquisição e as plantas utilizadas pelas bruxas e seus efeitos no corpo humano”, fala. “Curandeiros e benzedeiras são pessoas com um importante conhecimento sobre o uso medicinal das plantas, mas, em geral, não são bem vistas pela medicina ‘oficial’. Essa parte do projeto aborda a apropriação do uso medicinal das plantas pela indústria farmacêutica e as tensões entre o conhecimento científico e o popular.” Assim, os alunos do IFC se debruçaram sobre diversos ingredientes como sálvia, guaco, babosa, entre outros. Nas últimas semanas, durante a III Semana Acadêmica da Segurança do Trabalho, as turmas fizeram experimentos nos Laboratórios de Biologia e de Química. “A ideia foi de que eles compreendessem alguns porquês relacionados ao uso das plantas, como por exemplo, a diferença entre utilizar as folhas secas ou frescas, as sementes maceradas ou inteiras, ou ainda, uso da água quente no preparo de um chá em vez de água fria. Essas práticas fazem parte do nosso cotidiano, e ao realizar os experimentos conseguimos perceber a ciência que permeia o conhecimento popular”, ressalta Letícia. A aluna Ana Carolyna Bulla, do curso Técnico Integrado em Segurança do Trabalho, diz que está achando o projeto muito interessante. “No ano passado já tivemos a oportunidade de aprender, nas apresentações de cada equipe, muitas coisas que não sabíamos, plantas que nem tínhamos noção de toda a utilidade”, conta. “Também gostei muito dos experimentos que fizemos na Semana da Segurança do Trabalho, quando vimos a diferença exata de cada planta. Já conhecia algumas, mas não sabia de todas as propriedades que elas tinham e de como poderiam auxiliar no tratamento de algumas doenças.” A colega Carolina Maliska destaca que já tinha alguns conhecimentos dos benefícios de algumas propriedades devido ao conhecimento repassado pelos seus pais e avós. “Depois do projeto, conheci outras plantas que não são tão populares. As experiências me ajudaram a entender o que era mito e o que era verdade. Foi muito interessante ter as aulas de história e de biologia juntas para ter uma noção de como as sociedades de épocas passadas lidavam com as plantas.” O projeto finalizou com a participação dos estudantes na Wikistória, criando um Herbário Virtual com fotos das plantas, nomes científicos e populares, compostos presentes, indicações de uso medicinal, etc. Confira no link. . Fonte: Wagner Lenhardt/Ascom IFC

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