Unoesc promove mesa-redonda sobre suicídio em parceria com o IFC-Luzerna

O assunto suicídio sempre foi um tabu para a sociedade por questões religiosas, morais e até mesmo culturais.

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Unoesc promove mesa-redonda sobre suicídio em parceria com o IFC-Luzerna

O assunto suicídio sempre foi um tabu para a sociedade por questões religiosas, morais e até mesmo culturais. O tabu também está na dificuldade de se pedir ajuda e na falta de conhecimento e atenção sobre o assunto por parte dos profissionais da saúde, que tem a ideia de que este não é um fato frequente.  Para refletir sobre esta temática, os cursos de Psicologia e Medicina da Unoesc, em parceria com o Instituto Federal Catarinense (IFC), campus de Luzerna, realizaram uma mesa-redonda, na noite de quinta-feira (17), no Auditório Afonso Dresch, na Unoesc Joaçaba.

Foram convidados para o debate os professores do IFC-Luzerna, doutor Antonio Cavalcanti de Almeida e Kaline Juliana da Silva do Nascimento e os professor do curso de Medicina Antonio José Eça e Tadiane Luiza Ficagna. Além deles, o acadêmico do curso de Medicina Rodrigo Carvalho. A mediação do debate foi feita pela professora dos cursos de Psicologia e Medicina da Unoesc, Marilda Saccol. O professor Cavalcanti falou sobre os estudos do sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo francês Émile Durkheim, cuja obra “Suicídio” (1897) traz a seguinte definição sobre o tema: “Chama-se suicídio todo caso de morte, direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo, executado pela própria vítima, que sabia que podia produzir este resultado”. Durkheim apresenta o resultado de uma pesquisa realizada no final do século XIX, em países da Europa, com dados como o gênero, a idade, dia da semana, horário, estação do ano em que aconteciam os casos de suicídio. - O que é mais impressionante é que estes dados ainda são utilizados como base de estudos e os números dizem muito a respeito dos dados apresentados na região Meio Oeste de Santa Catarina, que tem uma forte influência de países daquele continente – alerta o professor do IFC. Na sequência, a professora Kaline traz estes dados sobre o suicídio na região da Associação dos Municípios do Meio Oeste Catarinense (AMMOC), contidos em sua pesquisa e comprova o que disse o professor: - Joaçaba tem o maior número de casos da região, mas também é a maior cidade. Além disso, 77,6% são homens, em idade de trabalho (entre 20 e 50 anos). Segunda e quinta-feira são os dias de maior incidência, em horário de trabalho. E, diferente do que muitos pensam, o verão apresenta quase o dobro de casos. A professora diz ainda que Santa Catarina está em segundo lugar no ranking nacional de suicídios, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul. Em terceiro lugar está o Paraná. De acordo com Kaline, entre 2000 e 2013, o nosso estado apresentou um índice de 108,7 suicídios por cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional era de 66,99 casos. O acadêmico traz o resultado do seu Trabalho de Conclusão de Curso “Suicídio: um estudo do perfil sociodemográfico da região de Joaçaba e Herval do Oeste dos últimos seis anos e a relação com transtornos psiquiátricos”. - O Instituto Geral de Perícias (IGP) de Joaçaba realiza necropsias de 40 municípios, que corresponde a um contingente de 581.597 habitantes. Durante o estudo, contatei 118 incidências a cada 100 mil habitantes nos últimos seis anos. Um número alto, se levarmos em consideração os números apresentados pela professora – comenta Rodrigo. Após a fala de Rodrigo, foi exibido um vídeo contendo uma enquete feita com pessoas nas ruas onde se perguntava sobre o suicídio, o que é, causas, como ajudar e o depoimento do professor Neury Botega, da Unicamp, referência nos estudos do tema. A professora Tadiane traz conta que a Organização Mundial de Saúde apresenta o registro de uma morte a cada 40 segundos por suicídio no mundo e traz outras informações: - Quem quer se matar, avisa. Nós temos que perceber esta tendência no paciente, precisamos perguntar. Não podemos julgar a partir dos nossos princípios. Temos que respeitar a vivência de cada um – avisa a professora. Para finalizar, o professor Eça contou sobre a sua experiência no Manicômio Judiciário do Estado de São Paulo, Hospital de Custódia e Tratamento Professor André Teixeira Lima. De acordo com ele, a Polícia faz questão de tratar as pessoas com tratamento de choque, e exige que na sua corporação haja apenas super-homens. - O policial quando vai pedir ajuda encontra um capitão e não um médico. Hoje, 50% da tropa apresenta problemas de saúde mental e há, em São Paulo, uma incidência de um suicídio a cada 15 dias – informa o professor. Antonio informa que realizou um estudo que se transformou em lei, no estado de São Paulo, mas até hoje não foi implantado por nenhum governador. A lei exige que haja um psicólogo e um assistente social dentro de cada batalhão da Polícia Militar. - Se o policial tiver o acompanhamento de um profissional capaz de ajudá-lo, capaz de lhe oferecer o procedimento correto para o tratamento da saúde mental ou mesmo este acompanhamento pode interromper a incidência do fator desencadeador – afirma Eça. Texto: Cristina de Marco

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