‘Super El Niño’: fenômeno na costa da América do Sul é o mais intenso dos últimos 25 anos

O fenômeno do El Niño não é tão intenso desde 1997; temperatura da água não para de subir.

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El Niño afeta temperatura no oceano – Foto: Reprodução/NASA
El Niño afeta temperatura no oceano – Foto: Reprodução/NASA

O “Super El Niño” de 2023 já é o mais intenso dos últimos 25 anos na costa da América do Sul. O anúncio leva em conta dados da Nasa e um estudo feito pela MetSul Meteorologia.

O fenômeno é tão intenso que desde 1997 as temperaturas não estavam como estão em 2023. As informações são da NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera), dos Estados Unidos.

O último boletim semanal da NOAA mostrou anomalia de temperatura da superfície do mar. Antes, era de 1,1ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central. O valor está na faixa de El Niño moderado (+1,0ºC a +1,4ºC).

Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +3,4ºC, em nível de El Niño costeiro muito intenso (Super El Niño) junto ao Peru e Equador, aquecimento extremo do oceano na região que teve início no mês de fevereiro.

Segundo levantamento da MetSul, desde o Super El Niño de 1982-1983 o Pacífico Equatorial Leste, a chamada região Niño 1+2, não apresentava anomalias de temperatura da superfície do mar tão altas.

A agência americana explica que a intensidade do fenômeno El Niño na sua forma clássica se mede pela anomalia de temperatura da superfície do mar.

Agricultura afetada pelo El Niño

O portal americano “The Economist” faz o alerta para a produção rural no Brasil. Segundo o site, o Brasil, nas últimas duas décadas, no entanto, terá participação nas exportações globais de mais de 30% este ano.

Histórias de sucesso semelhantes são encontradas em toda a América Latina, que é responsável por uma parcela crescente dos produtos agrícolas mundiais. A colheita deste ano foi particularmente abundante e ajudou a compensar a escassez de colheitas da Ucrânia devido à guerra. Mas a próxima colheita pode ser muito menos abundante.

Apesar da melhora, o site faz o alerta para os efeitos do El Niño. Isto porque ataques anteriores do El Niño causaram estragos na agricultura e em outras indústrias vulneráveis ​​a mudanças nos padrões climáticos. Para potências de commodities como as da América Latina, isso pode significar problemas para o abastecimento global de alimentos.

ONU faz alerta

O mundo deve ficar ainda mais quente. Foi este o alerta emitido na última terça-feira (18) pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) durante conferência em Genebra, na Suíça. Segundo o órgão, vinculado à ONU, ondas de calor extremas devem piorar nos próximos meses em todo o planeta.

Países do Hemisfério Norte vêm sendo duramente castigados pelo calor, que já chegou aos 52,2°C na China, no último dia 16.

Segundo o cientista da OMM, John Nairn, que estuda as altas temperaturas, a situação atual, já alarmante, deve piorar. “O fenômeno El Niño, recentemente declarado, vai apenas amplificar a incidência e intensidade de ondas de calor extremas”, afirma.

Recordes de calor e o dia mais quente da história

O mês de julho tem sido histórico quando o assunto é termômetro nas alturas. Na terça-feira (4), foi estabelecido um novo recorde mundial do dia mais quente da história do planeta, com temperatura média global de 17,18°C. Os dados são do Centro Nacional de Previsão Ambiental.

O mundo nunca tinha registrado temperaturas médias acima dos 17°C e, para especialistas, esse é apenas o primeiro recorde a ser batido.

No Vale da Morte, nos Estados Unidos, a temperatura ainda no domingo (16), chegou a 53,3°C. A região é conhecida por registrar o dia mais quente da história do planeta em uma só localidade: 56,7°C, em 1913.

Calor extremo x saúde

A preocupação principal das organizações é com a saúde dos moradores das regiões em alerta. Só em 2022, estima-se que mais de 61 mil pessoas tenham morrido pelas condições climáticas de altas temperaturas.

Segundo a OMM, o perigo maior ocorre à noite, já que o corpo humano não é capaz de se recuperar do calor contínuo. A condição levaria a um possível aumento de casos de ataques cardíacos e até morte.

Fonte:

ND+

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