1ª Jornada Cabocla promoveu encontro de pesquisadores, ativistas e educadores do Contestado

Jornada aconteceu entre os dias entre os dias 02 e 08 de fevereiro.

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1ª Jornada Cabocla promoveu encontro de pesquisadores, ativistas e educadores do Contestado

Entre os dias 02 e 08 de fevereiro, o Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado proporcionou a 1ª Edição da Jornada Cabocla Chica Pelega, promovendo o encontro e a reflexão acerca do Conflito do Contestado, que sucedeu entre 1912 e 1916 na grande região hoje Meio Oeste atarinense, a partir da construção da estrada de ferro Rio Grande do Sul a São Paulo. O evento foi transmitido pelo Facebook e pelo Youtube e estão disponíveis para aqueles que não puderam participar.

O objetivo desta primeira edição foi rememorar os dois embates que aconteceram em Taquarussu do Bonsucesso – que antes pertencia a Curitibanos e hoje a Fraiburgo. A primeira batalha ocorreu no dia 29 de dezembro de 1913 e a segunda, mais conhecida como o Massacre do Taquarussu, deu-se no dia 08 de fevereiro de 1914, como narra o jornalista e pesquisador Paulo Ramos Derengoski (Railway do Contestado. Editora Insular, p.40 e 41):

“Na madrugada de 8 de fevereiro de 1914, Aleluia Pires deu ordem de fogo. Depois de alguns tiroteios esparços com franco-atiradores, os legalistas conseguiram cercaras saídas do reduto de Taquarussu e assentaram metralhadoras nas elevações mais próximas. Durante quatro dias e quatro noites, milhares de granadas explosivas Schrapnell arrebentaram os casebres do acampamento caboclo: homens, mulheres e crianças são rasgados pelos estilhaços. Em meio ao fogaréu a ferro, numa gritaria medonha voam braços, pernas, panelas, armas, santinhos, potes, roupas, chapéus e lascas. A resistência sertaneja esfaleceu em meio aos destroços “.

 A Primeira Jornada Chica Pelega foi possível com apoio de diversas entidades como a Escola de Educação Básica 30 de Outubro (Lebon Régis), Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC Campus Caçador, Associação Hayashi-há Vital de Karatê-dô (Fraiburgo), Pastoral da Juventude Rural – PJR/SC, Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (Fraiburgo), Grupo Renascença Cabocla (Fraiburgo), Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP/SC e TV Pupilo. O evento também contou com o apoio de pesquisadores/as, professores/as e ativistas do Contestado.

No lançamento da Jornada (02.02), o professor Paulo Pinheiro Machado (PPGH UFSC), hoje uma das maiores referências nos estudos sobre a Guerra do Contestado, relatou como foi o confronto no Taquarussu, destacando os principais personagens que ali estiveram envolvidos. Ele fala a partir das pesquisas realizadas nos documentos oficiais do Exército Brasileiro, no Rio de Janeiro.

 O dia seguinte (03.02) marcou o lançamento da Rede de Educadores Caboclos e Caboclas, unindo professores que levam a cultura e a história do para a sala de aula. Participaram da conversa os professores Eduardo Nascimento, Nilson Cezar Fraga e Rogério Rosa, com a mediação do educador Jilson Carlos Souza.

 Na sexta-feira (04.02), aconteceu a apresentação do livro de cordel: “A batalha de Rio das Antas”, escrito pelos estudantes do 8º ano da Rede Pública de Rio das Antas. Os professores Arthur Luiz Peixer (História), Anderson Ferreira (Língua Portuguesa) e Leonardo Guerreiro de Andrade (Artes) contaram como foi a concepção e a produção deste livro que trouxe, além dos textos, fotos dos estudantes recriando a ambientação da guerra.

Sábado foi o dia do pré-lançamento da 2ª Mostra Chica Pelega, que levará cinco filmes sobre o conflito do Contestado aos municípios de Caçador, Curitibanos e Campos Novos, entre o março e abril deste ano. Serão três sessões em cada local, sendo que destas, duas serão destinadas a estudantes das escolas públicas e a sessão noturna será aberta ao público. Sempre no Cine Lumine, que é parceiro da VMS Produções e da Pupilo TV, promotores do evento. A mostra será realizada com recursos provenientes do Governo do Estado de Santa Catarina, através da Lei Aldir Blanc 2021. 

Domingo teve cantoria. O trovador de São Miguel do Oeste, professor de história e instrutor de violão popular, Pedro Pinheiro, cantou músicas que fazem referência aos cenários, histórias e personagens do Contestado.

 Na segunda-feira a conversa foi sobre o surgimento da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC) e a luta pela terra, pela preservação dos povos originários. Participação da jornalista Claudia Weinman, o professor Jilson Carlos Souza e a Juliana, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que conta sobre o fechamento da Escola Itinerante Estudando e Plantando, no Assentamento São José, em Campos Novos. A escola atende também estudantes do Pinhal Preto e à fazenda vizinha ao Assentamento. Após o relato, Emerson Souza fala sobre a formação da APAFEC e a forma de atuação da associação.

 A última noite da I Jornada Cabocla Chica Pelega aconteceu na terça-feira (08), a Professora Karoline Fin fala sobre o Segundo Massacre na Cidade Santa do Taquarussu do Bonsucesso e o assassinato da heroína Chica Pelega.

Quem foi Chica Pelega

Francisca Roberta, identificada como Chica Pelega, ajudava os feridos da guerra, fazia para eles os chás de ervas que os curavam. Esta prática ela aprendeu com o Monge João Maria, a quem seguia. Ela morava com os pais em Limeira (Joaçaba) e ficou assim conhecida por este nome porque, depois de perder o pai, o noivo e a terá onde viviam, por isso, juntou-se aos rebeldes e combateu ao lado dos caboclos, defendendo seu povo, sobrando-lhe de material apenas o pelego do cavalo que ela montava. 

 Desta forma, Chica Pelega é transformada através das narrativas populares em um ícone que representa um modelo de conduta e luta de grupos subalternos. A combatente, assassinada em 08 de fevereiro de 1914, no combate do Taquarussu (Fraiburgo), é a síntese da mulher cabocla sertaneja, conhecida como um ser humano comprometido com a luta.

 O Conflito do Contestado (1912-1916) aconteceu há 110 anos, sendo uma das maiores lutas de formação territorial da história da humanidade, exterminando mais de 20 mil combatentes, um genocídio dos povos indígena e caboclos (as) por empresas multinacionais com auxílio do exército, da polícia militar e jagunços dos três estados do Sul. 

 Na prática, o resultado do Conflito do Contestado foi determinante para a formação do sertão do Meio Oeste Catarinense – Região Vale do Contestado. A desocupação forçada da faixa de terras com 30 (trinta) quilômetros de largura as margens da estrada de ferro pensada para ligar o estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul, representou o massacre de um povo.

 Primeira Jornada Chica Cabocla em números

5.529 visualizações no Facebook;

4.849 comentários, compartilhamento, curtidas e comentários no Facebook;

780 minutos ou 13 horas de material em vídeo e áudio sobre o Contestado;

10 vídeos disponíveis no Youtube

779 visualizações no Youtube;

410 seguidores na página da Primeira Jornada Cabocla Chica Pelega do Facebook;

91 inscritos no Youtube;

20 convidados/as entre pesquisadoras/es, professoras/es, ativistas;

07 atividades educativas, apresentação de livros, música e cinema.


 

 

Fonte:

Cristina de Marco - jornalista e Jilson Carlos Souza comunicador e educador popular.

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