Ela dá gargalhadas para a vida, e a vida sorri de volta todas as vezes!

A nossa segunda personagem é pequena na estatura, mas gigante nas realizações.

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Jéssica é cheia de personalidade e dona de um sorriso que é sua marca registrada. (Foto: Ladimara Teixeira)
Jéssica é cheia de personalidade e dona de um sorriso que é sua marca registrada. (Foto: Ladimara Teixeira)

Reportagem: Cristiana Soares/Especial para o Portal Éder Luiz

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Dona de uma gargalhada contagiante, a personagem que ilustra a segunda história da nossa websérie, é cheia de personalidade, tem uma energia que transborda e um dinamismo que lhe confere a habilidade de ser muitas coisas em uma mulher só: mãe, advogada, professora, empreendedora, voluntária, e diretora de pesquisa, extensão e pós-graduação e de inovação, na Unoesc. 

Filha de pai cearense e mãe paranaense, Jéssica Mota, veio para Joaçaba ainda criança, em decorrência do trabalho do pai. Teve uma infância sem muitos luxos, mas com boas lembranças, como as brincadeiras de esconde-esconde e os verões na piscina do Clube Cruzeiro. Ela conta que em casa, o dinheiro era curto e que a prioridade sempre foi a educação. Além de boas escolas, desde cedo ela e a irmã estudaram inglês, o que, veremos mais adiante, fez grande diferença nesta história.  

Estudiosa e dedicada, durante a infância e a adolescência Jéssica gostava de participar dos eventos esportivos e estar envolvida nas atividades escolares, aliás, esse é um traço que ela trouxe com muita intensidade para a vida adulta: o engajamento social. Um simples passar de olhos pela linha do tempo da nossa personagem, dará a sensação de que ela já viveu muito mais do que os seus quarenta anos! E se você achou indelicada a menção da sua idade nesta reportagem, fique bem tranquilo(a), essa é uma informação que ela não faz questão alguma de esconder! É o que acontece quando se aprende a apreciar a vida com tudo o que ela tem, e nisso essa pequena-grande mulher já é pós-graduada.

Desapegada das lembranças ruins, Jéssica foca muito mais nos aprendizados dessas experiências, do que no sofrimento que eventualmente elas tenham causado. Ela não nega, por exemplo, que teve problemas com a autoestima durante a infância e a adolescência. Conta que era baixinha, tinha cabelo curto e óculos fundo de garrafa, e que essas características a tornaram alvo de bullying por alguns anos, mas prefere enxergar essa parte da sua história, como um degrau importante na construção da sua autoconfiança e resiliência, afinal de contas, como ela mesmo diz, “tudo na vida são escolhas”.

(Foto: Ladimara Teixeira)
(Foto: Ladimara Teixeira)

Com a família passando por um momento financeiramente delicado, aos dezesseis anos, a nossa personagem começou a dar aulas de inglês para auxiliar no orçamento da casa e garantir a continuidade dos estudos. Ela revela que foi graças a isso, que descobriu a sua vocação para a docência. 

Com um senso de justiça bastante aguçado, ainda na adolescência, Jéssica já tinha certeza de que queria fazer Direito. Prestou vestibular para a Universidade Federal de Santa Catarina, mas não passou. Confiante, tinha convicção de que, dedicando-se aos estudos por mais um ano, atingiria o seu objetivo. Acontece que a vida tinha planos de tornar aquela menina, uma grande mulher, e estudar na UFSC, não fazia parte desses planos.

Nesta mesma fase, no ano de 1999, candidatou-se à uma vaga para secretária bilingue na Unoesc. Ela era a candidata mais jovem e a única sem formação, o que lhe fez acreditar que não tinha muitas chances. Assim, os planos de estudar fora, ainda persistiam. Mas, como quando estamos abertos para a vida, ela nos coloca no fluxo, o improvável aconteceu: ela foi selecionada e selou a escolha de permanecer em Joaçaba, graduando-se em Direito, na Universidade que nunca mais deixaria de fazer parte da sua vida.

Jessica revela que o novo trabalho, trouxe muitos desafios. Jovem e sem formação acadêmica, ela conta que a sua contratação gerou resistência por parte de algumas colegas e que sentiu a falta de receptividade em muitos momentos. Além disso, o abismo cultural entre ela e a sua liderança imediata – um professor francês e muçulmano – tornava a relação desgastante e lhe provocava muitos desconfortos em razão da incompatibilidade de ideias. Ainda assim, ela revela, que aprendeu muito com a experiência e que todas as dificuldades lhe trouxeram maturidade e novas habilidades, desenvolvendo nela a crença de que tudo o que fazemos, por menor que seja, nos dá condições de, no futuro, fazermos coisas maiores.

Em suas atividades na universidade. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em suas atividades na universidade. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos seus mais de vinte anos de universidade, Jéssica trilhou um caminho de ascensão que foi construído com muita dedicação. De secretaria bilingue, ela passou a assessorar a pró-reitoria e da pró-reitoria, passou à reitoria, onde permaneceu por cerca de dez anos. Neste período, teve a oportunidade de conhecer a realidade acadêmica por diversos ângulos. Ela revela que a interface com professores, alunos e funcionários lhe possibilitou desenvolver a empatia e a habilidade de se comunicar assertivamente com os diferentes públicos.

Talvez quem olhe para Jéssica hoje, a veja como alguém de muita sorte. No entanto, um rápido passeio à sua trajetória evidenciará que todas as suas conquistas são resultado de muito esforço e escolhas bem feitas. Em paralelo ao seu trabalho como assessora da reitoria, ela construiu a sua rota de ação para chegar à docência: graduou-se em Direito em 2004, fez especialização em Direito Público e Novos Direitos em 2005 e pós-graduação em Gestão Financeira em 2006, para só então, no ano de 2007, ter a sua primeira oportunidade de assumir uma disciplina acadêmica.

Em 2008, quando a primeira filha tinha apenas um ano, ingressou no mestrado em Inovação e Empreendedorismo, na UFSC. Durante dezesseis meses, ela fez o trajeto Joaçaba/Florianópolis toda a semana, em ônibus convencional, para alcançar o título de Mestre. Ela conta que saía da aula na terça à noite, pegava o ônibus, desembarcava em Florianópolis e ia direto para a aula do mestrado. Levava o café da manhã na mochila para economizar e almoçava no restaurante da própria Universidade. À tarde, solicitava permissão aos professores para assistir à aula em pé para que não pegasse no sono. Ao final da noite, retornava à Joaçaba e chagando aqui, seguia direto para o trabalho.

Com a família. (Arquivo Pessoal)
Com a família. (Arquivo Pessoal)

Ela compartilha que em muitos momentos, as críticas e julgamentos externos fizeram-na sentir-se culpada por deixar a filha pequena em casa, enquanto estudava, mas que apesar disso, nunca pensou em desistir. Jéssica acredita que a sua estrutura resiliente, veio da mãe, que foi a primeira mulher a quebrar o padrão familiar, ao graduar-se.

Em 2012, Jéssica assumiu a Diretoria de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão. O novo desafio, foi uma surpresa e ela conta que se sentiu feliz e apavorada ao mesmo tempo. “Tinha medo de não dar conta”, revela. Mas ela deu conta tão bem, que em 2017, saiu desta diretoria, para assumir e diretoria de Inovação e Relações Institucionais e desde o ano passado, acumula a gestão de ambas as diretorias.

Em 2012, Jéssica assumiu a Diretoria de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão da Unoesc. (Foto: Ladimara Teixeira)
Em 2012, Jéssica assumiu a Diretoria de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão da Unoesc. (Foto: Ladimara Teixeira)

A história da nossa personagem é recheada de tantas coisas que fica difícil resumir tudo em uma reportagem só. Ela fez intercâmbio para Londres e para Índia, cursos nos Estados Unidos e na Espanha, realizou inúmeros trabalhos voluntários em Organizações distintas, como na Associação de Basquete de Joaçaba (ABLUJHE), no Pólo INOVALE, no Conselho Municipal de Cultura e no Conselho Municipal do Idoso e atualmente figura como Diretora de Inovação da ACIOC e compõe o Conselho de Inovação, da mesma associação. 

Ela também já conduziu missões internacionais à Valência, na Espanha, e ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, contribuindo para desenvolver o ecossistema de empreendedorismo e inovação da região. Este ano, está organizando mais uma missão internacional, desta vez para Israel. 

E se você está se questionando, como pode ela ter feito tanta coisa, talvez fique mais fácil compreender com essa frase: “Eu sempre tive medo, mas ele nunca foi maior do que a minha vontade!”

Questionada a respeito do que mais se orgulha, ela emociona-se ao dizer que é da sua trajetória e de que sente-se merecedora de tudo o que conquistou. “Com esforço e dedicação, não importa da onde você é, o teu sexo ou a tua condição social, uma hora ou outra, inevitavelmente, você vai colher os frutos. Isso é uma lei universal!” diz ela.

Jéssica ganhou o mundo com sua força determinação. (Foto: arquivo Pessoal)
Jéssica ganhou o mundo com sua força determinação. (Foto: arquivo Pessoal)

A nossa personagem é daquelas pessoas que elevam a energia dos lugares por onde passa e que prefere enxergar o copo sempre meio cheio. Ela revela que alcançar essa leveza e positividade, exigiu a disposição em se conhecer com profundidade, aprender a dizer não e cultivar o autorrespeito. “Aprendi que não preciso acolher nada que não seja bom”.

Ela finaliza a entrevista, afirmando que acredita que a vida é uma escola e que todo o ser humano tem um propósito neste mundo, que é de vir para ser melhor. “Nesse trajeto a gente vai impactar e ser impactado por pessoas, e eu quero impactar positivamente.”

Determinação também nas conquistas do esporte. (Arquivo Pessoal)
Determinação também nas conquistas do esporte. (Arquivo Pessoal)

Como você reagiria, se a vida lhe desse alguns limões? A nossa personagem, provavelmente, faria uma limonada bem doce, chamaria as amigas para brindar, e ainda faria propaganda dos limões, afinal de contas, como ela mesmo gosta de dizer “tudo acontece para o bem.”

Mais alguém aí, sentindo-se muito bem representada no dia de hoje?!?


(Foto: Ladimara Teixeira)
(Foto: Ladimara Teixeira)

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