Mãe de menina assassinada pelo pai em SC quebra silêncio e fala sobre disputa pela filha

"Vão esperar minha filha estar no caixão para fazer alguma coisa", disse Francieli Bergula antes do crime, em um dos pedidos de ajuda.

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Dani Lando/NDTV Record Joinville
Dani Lando/NDTV Record Joinville

Desolada, Francieli Beregula, mãe de Evylin Vitoria Modrok, 5 anos, estrangulada e morta pelo pai Ubiratan Luis Modrock no último sábado (12), em Guaramirim, Norte do Estado, falou pela primeira vez após o crime.

A mãe conta que no dia do assassinato esteve na casa do ex-companheiro para tentar pegar a filha, pois ela estava doente. “Estava há dias com dor de garganta, boca cheia de feridas. Eu vim para tentar ajudá-la e falei: quero cuidar da minha filha. Ela está sentindo a minha falta”, relata Francieli.

No entanto, houve uma discussão porque Ubiratan teria dito que ela teria abandonado a filha. A menina, então, teria começado a chorar por causa da discussão e Francieli f0i embora. Porém, mais tarde tarde, a mãe voltou.

Ela conta que, desde que saiu de casa, há cerca de cinco meses, por conta da separação, Ubiratan nunca mais havia a deixado entrar na residência. Só naquele dia (de sexta para sábado, 12) ele permitiu que ela visse a filha. Na segunda vez que ela voltou, por volta das 22 horas, conseguiu fazer a sopa para menina.

“Eu pensei: agora ele vai deixar eu cuidar da minha filha, ele viu o mal que ele tá fazendo com a minha filha. Então, fiz a sopinha para ela, esmaguei (batatinha) conversei com ela, dei os remédios que ela estava tomando.”

Ubiratan teria dito: “dorme aqui então. Pode dormir no chão. Eu durmo no sofá”. “Eu falei: tá bom, vou dormir aqui para cuidar dela, só que eu queria dormir, mas ao mesmo tempo não conseguia dormir, e ele insistindo para dormir aqui com ela. Eu falei não. Vou para casa. Me despedi dela, falei que amava ela e que vinha fazer almoço no dia seguinte.”

O almoço, no entanto, não foi feito. Naquela madrugada de sábado (12), Evylin Vitoria Modrok foi estrangulada e morta.

Francieli Beregula lembrou, também, do dia em que o ex-companheiro e a filha pegaram Covid-19 e tiveram de ficar em isolamento.

Imagens: Dani Lando/NDTV Record Joinville

“Eu vim tentar ajudar eles. Ele (Ubiratan) falou para eu ir embora que era para deixá-los em paz, para morrer em paz. Ele falou que eu iria ver os dois no caixão. Daí, chamei a polícia, fiz o BO, mostrei a conversa que ele me mandou no whats, mandei o áudio dela dizendo que quando ela fosse morar no céu com o papai e chegasse lá e eu não estivesse junto, o papai ia ficar muito bravo comigo”, continua Francieli. 

Ela disse que mostrou tudo para a polícia. Comentou, ainda, que quando tentava pegar a filha Ubiratan “sumia” com a criança o dia inteiro.

Após fazer o BO, os policiais foram até a casa de Ubiratan. “Vieram aqui, ele (Ubiratan) aparentava calmo, falou que era tudo invenção da minha cabeça. Os vizinhos também falaram que estava tudo tranquilo. Falei: vocês vão esperar minha filha estar no caixão para fazer alguma coisa?”, fala, chorando, Francieli.

Ela contratou uma advogada para pedir na Justiça guarda unilateral (quando um dos pais fica com a guarda da criança e o outro tem direito a visita). 

Francieli também relatou que comunicou o Conselho Tutelar diversas vezes sobre a dificuldade de ver a filha. O Conselho, no entanto, repassou as orientações a ela de como agir. 

“Dentro da atribuição do Conselho Tutelar e da demanda que veio para nós foi feito todos os encaminhamentos devidos. O que aconteceu é uma fatalidade que não tem como prever, você não sabe o que se passa na cabeça do outro, isso é imprevisível”, pontua a conselheira tutelar Everli Safanelli, que encaminhou uma carta ao Ministério Público relatando a situação.

A intenção do Conselho Tutelar foi buscar a responsabilização dos pais para o cumprimento da decisão judicial que concedeu a guarda compartilhada.

“Eu quero justiça agora. Eu quero que o caso dela seja um exemplo para as autoridades irem atrás quando a mãe falar: ‘ó tá acontecendo isso, isso,’. Eu avisei que tinha coisa estranha, avisei, mostrei as provas que ele estava ameaçando, mas ninguém escutou. Não deixem esperar o pior acontecer com outras crianças”, desabafa a mãe enlutada.

Nesta quarta-feira, dia 16, familiares e moradores se reuniram no gramado do condomínio onde Evilyn costumava brincar. Um pastor foi chamado para fazer uma oração. Parentes seguravam balões que depois foram soltos. Muito emocionada, Francieli Beregula precisou ser amparada diversas vezes.

Fonte:

ND Online com informações de Dani Lando, NDTV Record Joinville

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