Parto humanizado é realizado em Joaçaba

Método pode ser escolhido por mulheres que optarem por dar à luz de forma intensa, intimista e sem pressa.

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Fotos: Divulgação
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Quantos sentimentos estão envolvidos no momento de dar à luz a um bebê? Ansiedade, preocupação, muito amor, cada mulher define à sua maneira. Nascer é o acontecimento mais natural às espécies.

Agora, imagine ter a possibilidade trazer ao mundo um bebê da forma mais natural. O parto humanizado já é realidade em Joaçaba. O método permite à mulher ter controle sobre qual a posição em que se sente mais confortável para ter o bebê, dentro d’água ou na cama, e todos os outros detalhes da evolução do seu parto, como o tipo de anestesia (de forma privada) ou a presença de familiares.

A assistente administrativa, Giseli Carraro, de 37 anos, teve o parto que sempre quis. Ela optou pelo parto humanizado dentro do Hospital Universitário Santa Terezinha (HUST). Giseli conta que teve todo acompanhamento da obstetra Natássia Quiben Pradi e sua equipe.

"Sempre tive o desejo de ter parto normal, minha preocupação inicial era com o pós-parto, sabia que se realizasse um parto natural, seria mais fácil, e desde o início do pré-natal a Dra. Natássia sempre deu total apoio para isso e deu todas as orientações para que minha gestação fosse favorável ao parto normal, como a realização de atividade física, uma boa alimentação..." conta. "A Dra. Natássia foi determinante para minha decisão, uma profissional ímpar, me deixava muito segura e sempre foi muito cuidadosa em todos os detalhes. Ela me proporcionou muito mais que um pós-parto tranquilo, não imaginei a grandiosidade que seria parto normal humanizado, foi um momento único, especial, indescritível, cercada de profissionais que ofereciam toda segurança, amor e cuidado para que fosse sim um momento especial. Uma equipe maravilhosa, que de uma forma humana e muito carinhosa me proporcionaram viver o momento mais lindo que foi a chegada do Arthur".

Arthur nasceu no dia 30 de outubro e Giseli passou por mais de 10 horas de trabalho de parto desde o início das primeiras contrações. Arthur nasceu com 3.244 kg, 48 centímetros, cheio de saúde e cercado de muita emoção. "Meu marido pode acompanhar desde o início do trabalho de parto, viveu toda a emoção da chegada junto comigo e isso tornou ainda mais lindo esse momento", enfatiza.

O parto foi realizado pela obstetra Natassia Quiben Pradi e, teve como equipe de apoio a Dra. Kelly Barbieri (neonatologista), a enfermeira obstétrica e Doula Adriana Balestrin, e técnicas de enfermagem Helena Bechi e Jonava Teixeira. A piscina utilizada no parto foi adquirida pela paciente, já que não pode ser reutilizada.

De acordo com a obstetra, Natassia Quiben Pradi a principal vantagem do parto humanizado é tornar o momento do parto uma experiência agradável, confortável e tranquila para a mãe e para o bebê. "As pessoas acabam tendo dúvidas quando se fala em parto humanizado, se é na água, de cócoras, se pode ocorrer em casa. Mas na verdade o parto humanizado é aquele que respeita o parto, o tempo do bebê, a vontade da gestante, com menos intervenções possíveis e sempre respeitando e seguindo evidências científicas. O parto humanizado tem toda uma rede de apoio para que ele aconteça, focando no acolhimento a gestante e segurança do bebê. É muito importante o trabalho em equipe entre obstetras, pediatras, anestesistas, enfermeiras obstétricas e doulas, cada um exercendo papel fundamental nesse acolhimento", explica.

Fotos: Divulgação
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"Estamos caminhando a passos largos para nossa realidade mudar em Joaçaba e estamos juntos com o Hospital Universitário Santa Terezinha reorganizando e procurando viabilizar no futuro espaços para melhor acolhermos essas gestantes", pontua Dra. Natássia. 

"Como obstetra, sempre digo que cada médico tem o paciente que atrai, e tenho muita sorte em ter atraído a Gisele como paciente. Pessoa de luz, focada, aberta a novas experiências e com certeza uma mamãe fantástica. Todo nascimento é especial, mas o da Gisele foi sem dúvidas de tirar o fôlego e lágrimas de toda a equipe. Uma vida longa e saudável a toda família, em especial ao nosso pequeno Arthur".

A realização do parto dentro d'água diminui a dor e o tempo do trabalho de parto e está sendo oferecida primeiramente a pacientes no setor privado. O HUST estuda viabilizar espaço a pacientes para que o método possa ser utilizado em mais partos. "O trabalho de parto e até mesmo o parto na água (na banheira), faz com que diminua a sensibilidade a dor durante as contrações e diminuem as chances de lacerações de períneo. O parto verticalizado, por exemplo, de cócoras, também é umas das posições mais fisiológicas para parir", explica Dra. Natássia. 

Menos interferência

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu novas diretrizes no começo deste ano, para estabelecer padrões de atendimento globais para mulheres grávidas saudáveis e reduzir intervenções médicas desnecessárias.

Embora a taxa de cesariana varie de acordo com a região do mundo, a OMS vê um aumento geral nesta prática, que considera perturbador. A OMS também está preocupada com as intervenções usadas anteriormente para evitar partos complicados se terem tornado comuns.

Para a OMS, muitas mulheres preferem um nascimento natural e confiam nos seus corpos para dar à luz o seu bebê sem intervenção médica desnecessária. A organização considera que, mesmo quando a intervenção médica é necessária, é preciso incluir as mulheres na tomada de decisões sobre os cuidados que recebem.

A nova recomendação reconhece que cada trabalho de parto é único e que a duração da primeira etapa do processo varia de uma mulher para outra.

Dados da OMS demonstram em 150 países, atualmente, 18,6% de todos os nascimentos ocorrem por cesariana, variando de 1,4% para 56,4%. Ainda de acordo com a OMS, por quase 30 anos, a comunidade científica internacional considerou a taxa ideal para cesariana seção entre 10% e 15%.

No topo dessa lista estão: República Dominicana, com 58,1% dos nascimentos via cesárea; Brasil e Egito, com 55,5%.

Fonte:

Paula Patussi / Especial Éder Luiz

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