Rio do Peixe e da Vida! Descubra por que somos os maiores inimigos do nosso rio

Joaçaba, Herval d´Oeste e Luzerna são cortados por um rio que foi o grande responsável pelo surgimento de vários centros urbanos na região.

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(Foto: Levi Garcia Imagens Aéreas)
(Foto: Levi Garcia Imagens Aéreas)

Joaçaba, Herval d´Oeste e Luzerna são cortados por um rio que foi o grande responsável pelo surgimento de vários centros urbanos na região. Municípios como Caçador, Videira, Capinzal e Piratuba, além de outros tantos, surgiram nas margens do Rio do Peixe. Se no começo destas comunidades a preocupação não era com o futuro do manancial, agora estamos em uma época que é impossível não pensar em desenvolvimento sem ter em mente a noção de quanto podemos extrair desta preciosa fonte de vida.

Nesta quarta e última reportagem da Série Rio do Peixe e da Vida! O objetivo é levar aos leitores uma reflexão, baseada em informações, sobre quais as ações necessárias para garantir o suprimento de água a nossa e as futuras gerações. Está série de reportagens sobre o Rio do Peixe é produzida pelo Portal Éder Luiz e conta com o apoio do Comitê Rio do Peixe. Para ler as demais reportagens Clique Aqui! Pensando na preservação O Rio do Peixe tem em seu Comitê da Bacia Hidrográfica um importante aliado. O órgão é formado por representantes da comunidade, dos usuários de água da região e do governo, com o objetivo de participar do gerenciamento dos recursos hídricos da bacia hidrográfica. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe tem buscado formas de proteger o rio e seus afluentes e também de planejar uma forma correta para o uso de suas águas. Segundo o presidente do Comitê, Ricardo Menezes, muitas ações esbarram na falta de estudos adequados, que possam garantir até quando teremos água disponível. - Todas as ações e informações que temos hoje não dão conta de uma certeza, ou elementos concretos para garantir que nós tenhamos a possibilidade de ter água hoje e no futuro com quantidade e qualidade. Isso nos preocupa muito e é o motivo das ações que temos tido nos últimos anos, no sentido de sensibilizar o Governo, Federal estadual e dos 27 municípios da região que compõe a Bacia para algumas ações necessárias para a manutenção da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. Sem um plano, o comitê busca apoios para elaborar o estudo, que é vital para o desenvolvimento das comunidades, preservação do Rio do Peixe e seus afluentes -Precisamos primeiro da elaboração do Plano Estadual de Recurso Hídricos e a partir dele fazermos um Plano da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe e esse plano vai nos apontar um diagnóstico mais completo e preciso de como está o Rio, em termos de qualidade e quantidade e quais a medidas que poderão ser adotadas de maneira técnica para que tenhamos ações mais concretas em relação a obras, de quanta disponibilidade ainda há no Rio, no sentido de indústrias agriculturas. As Pequenas Centrais Hidrelétricas (Pchs) que existem e estão sendo feitas no rio, tem causado alguns conflitos em momentos de cheias e de escassez de água e atualmente nós não temos elementos concretos para proporcionar o uso múltiplo desta água a toda a população da Bacia. Então, falta para o Comitê primeiro informações e com base nelas elementos mais concretos de ações que temos que tomar para garantir a disponibilidade de água. Temos cobrado das várias esferas do poder público que providenciem estes elementos, para que a partir dele possamos nos organizar melhor dentro da bacia e poder buscar as obras necessárias para a manutenção da qualidade e quantidade de água. Poderemos ficar sem a água do Rio do Peixe O presidente do Comitê volta a tocar em um assunto que levantou muitas preocupações ao longo das reportagens desta série, a falta de água. Não é possível garantir até quando o Rio do Peixe terá suprimento para todas as comunidades. - O que acontece é que temos a falsa impressão que a escassez não vai nos atingir, mas já tivemos aqui na região períodos de estiagem de até 42 dias no qual nossos agricultores tiveram que ser abastecidos com caminhões pipa e houve a abertura de poços artesianos de forma urgente para manter suas produções. Na agricultura isso é mais latente, mas em outras áreas o problema também existe, recentemente tivemos a questão do frigorífico Aurora de Joaçaba paralisando suas atividades, alegando que não tinha água suficiente para fazer os abates necessários. Então, se não tivermos um diagnóstico real e completo da Bacia poderemos ter problemas no futuro de escassez. Isso nos deixa angustiados e faz com que tenhamos tomado uma série de ações para sensibilizar o Governo do Estado a investir o que é arrecadado na elaboração deste plano. Diante de um quadro preocupante como este, o Comitê tem buscado realizar ações para conscientizar a população sobre o uso racional da água e a preservação do Rio. Mas estas ações também esbarram na falta de preocupação dos governos municipais, que parecem não dar a importância necessária ao assunto. - Nós lançamos um projeto piloto há três anos, em parceria com a Unoesc, prefeitura de Joaçaba e Governo do Estado, para fazer um diagnóstico do Rio do Tigre em Joaçaba e de outros afluentes menores do Rio do Peixe, tratando da questão de desmatamento, qualidade de água e vários outros itens, envolvendo o poder público de cada localidade em uma ação mais completa em relação aos rios que cortam seus municípios. O problema é que temos enfrentado uma resistência dos próprios prefeitos, pela questão econômica e de outras prioridades, de não fazer esse investimento e também não buscar recursos para isso, o que faz com que na verdade a grande maioria dos afluentes do Rio do Peixe fiquem sem ninguém responsável por fazer uma manutenção mínima, como limpeza de dejetos, garrafas pet, sacolas, até coisas mais complexas, como restos de construções que caem no rio e não são retirados, pneus, sofás, fogões, que acabam sendo depositados ao longo de todo o Rio do Peixe e também de muitos afluentes, desde Calmon até Alto Bela Vista, onde deságua no Rio Uruguai. Os municípios também têm um compromisso grande e tem que despertar para esta situação, tem que conscientizar as populações para que tenhamos uma melhor qualidade nos afluentes e como consequência uma melhor qualidade no Rio do Peixe. Somos os maiores inimigos do Rio do Peixe Quem conhece o Rio do Peixe há mais tempo sabe que ao longo da história do desenvolvimento da região ele foi castigado pela poluição industrial e também das comunidades, com o despejo de esgoto diretamente em suas águas. Embora atualmente a fiscalização seja maior e a consciência tenha sido despertada em boa parte da população a maior fonte de poluentes se dá em função do esgoto lançado diretamente nas águas. É uma prova concreta que ainda não temos a noção da importância do Rio em nossas vidas. -O principal meio poluidor do Rio e de seus afluentes é o despejo do esgoto sanitário nos centros urbanos. Esse esgoto muitas vezes não é tratado ou é tratado de forma inadequada. Isso é um problema tanto para a água superficial quanto para o subsolo, nos poços artesianos, que estão em grande parte já contaminados. Essa é mais uma questão na qual precisamos da ação dos municípios, que tem responsabilidade no saneamento básico de suas comunidades – Finalizou Menezes.

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