SC amplia alerta com gripe aviária após casos em países vizinhos: "Potencial devastador"

Doença tem potencial devastador se atingisse aves comerciais em Santa Catarina.

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(Foto: Agência Brasil/Arquivo)
(Foto: Agência Brasil/Arquivo)

Santa Catarina ampliou o alerta contra a influenza aviária após países da América Latina terem confirmado casos da doença, incluindo mais recentemente os vizinhos Argentina e Uruguai. A gripe aviária apresenta baixa probabilidade de infectar humanos, mas tem potencial devastador no caso de atingir aves comerciais, em especial no Estado, o segundo maior produtor de frango do país.

— Ela causa uma mortalidade muito alta e em pouquíssimo tempo. E, com uma confirmação, o Brasil perderia o status atual e não conseguiria mais vender produtos de origem aviária para outros países. Então seria uma crise muito grande: tem o problema para o animal e também para o lado social, porque milhares de famílias e indústrias vivem disso — resume o veterinário Diego Torres Severo.

Ele é diretor de defesa agropecuária da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), empresa pública que funciona como um braço operacional da Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural para o tema. O órgão tem reforçado agora os trabalhos de conscientização sobre a doença, inclusive com quem sequer atua com o setor de produção de frangos.

Isso ocorre porque o principal foco de transmissão da influenza são as aves silvestres que migram desde a América do Norte nessa época do ano. Elas transmitem o H5N1, causador da doença, para aves locais, que, eventualmente, podem passar o vírus para aves dométicas, de criação comercial ou não.

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Um eventual episódio de mortalidade em massa de um grupo de aves em alguma praia de Santa Catarina, por exemplo, muito distante das granjas que se concentram no Oeste do Estado, já despertaria preocupação. Além da alta incidência de morte, a doença pode ser reconhecida pela dificuldade da ave em respirar e pelos sinais clínicos neurológicos, com o animal se debatendo e em posição de torcicolo.

A partir desta segunda (27), a Cidasc vai passar a distribuir, inclusive, material traduzido para o espanhol para turistas argentinos e uruguaios que chegam às praias. Antes, a empresa pública já fazia trabalho semelhante com caminhoneiros que circulam até o Chile, onde já havia confirmação da gripe aviária.

— Santa Catarina já vem há bastante tempo em alerta, desdes os primeiros casos na América do Norte. Com essa proximidade agora na Argentina e no Uruguai, o alerta aumentou. Estamos em intensa campanha de conscientização, porque o trabalho de vigilância já vinha sendo feito, os atendimentos das comunicações de suspeitas e as vistorias em propriedades rurais — emenda Severo.

Ele afirma que, desde outubro, quando a conscientização foi reforçada, o número de notificações de possíveis casos no Estado cresceu consideravelmente, o que sinalizou a efetividade da mobilização. Também para celebração da Cidasc, todas essas suspeitas têm sido descartadas até aqui, sempre após a análise das amostras das aves doentes por um laboratório do Ministério da Agricultura em São Paulo.

Além da conscientização, o Estado vem atuando com cursos de reciclagem de profissionais para diagnóstico e necrópsia de aves com suspeita da doença, capacitação de departamentos regionais e reuniões com entidades do setor. Foi realizada também uma simulação de emergência sanitária com cerca de 200 pessoas, para por em prática o protocolo de controle no caso de uma confirmação.

A mobilização tem partido também de outras entidades. Na última quarta (22), o Comitê Estadual de Sanidade Avícola se reuniu virtualmente para tratar do tema, em encontro que teve, além da Cidasc, o secretário de agricultura, Valdir Collato, a Epagri e o Instituto do Meio Ambiente (IMA), de ordem estadual, a Embrapa e a superintedência local do Ministério da Agricultura, órgãos federais, sindicatos da indústria e dos produtores, além da Udesc e entidades que cuidam de aves silvestres.

Santa Catarina também tem atuado em conjunto com o Rio Grande do Sul e o Paraná, trio que carrega 70% da produção aviária do Brasil. Isso ocorre porque, se houver caso confirmado com um ave comercial em qualquer estado, sanções seriam impostas a todo o país, o que mais exporta o produto no mundo.

Para o caso de eventual suspeita de ocorrência da gripe aviária, a Cidasc faz atendimento pelo telefone 0800-643-9300. É possível ainda procurar a unidade mais próxima do órgão, além do IMA, com gerências regionais espalhadas por Santa Catarina, e da Polícia Militar Ambiental (PMA).

Fonte:

NSC Total

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