Unidos realizará desfile em Herval d' Oeste em 2020

Presidente anuncia que o desfile será sem arquibancadas, sem cobrança de ingressos e apenas com cordões separando o público.

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Desfile acontecerá na Beira Rio, que já sedia vários eventos. (Foto: Arquivo Portal Éder Luiz)
Desfile acontecerá na Beira Rio, que já sedia vários eventos. (Foto: Arquivo Portal Éder Luiz)

Com objetivo de resgatar a tradição do carnaval, realizado desde meados da década de 50 em nossas cidades, O Grêmio Recreativo Esportivo Cultural e Escola de Samba Unidos do Herval está trabalhando para promover no próximo ano um desfile na avenida Beira Rio, em frente ao seu barracão.

De acordo com Sergio Giacometti, presidente da Unidos, em 2020 a escola ainda desfilará no sábado em Joaçaba, competindo com as outras co-irmãs, mas promoverá esse resgate cultural com um desfile em sua cidade, Herval d´Oeste.

"O evento de muito sucesso realizado hoje em Joaçaba, tem uma história rica, que se deve a um grupo que existiu em Herval d’Oeste nos anos 1930 e 1940" citando o livro "Joaçaba, Samba. E Faz Escola" de autoria do saudoso jornalista e apaixonado por carnaval, João Paulo Dantas. A maioria destes pioneiros da folia era da Bahia, do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo e chegaram ao Vale do Rio do Peixe para trabalhar na estrada de ferro São Paulo-Rio Grande, implantada no início do século 20", comenta Giacometti.

Segundo ele, dê lá para cá os enredos ganharam patrocínios e a brincadeira deixou a diversão de lado para se tornar profissional. "Queremos dar esse ponta-pé e voltar os olhos a nossa história. Implantar escolas de samba mirins nas escolas hervalenses, para que, em parceria com o município, possamos não só valorizar nossa cultura, mas manter ela. Com novos apaixonados pelo carnaval".

Ainda segundo o presidente da Unidos, o desfile acontecerá sem arquibancadas, apenas com contenções e o público poderá assistir de perto e de graça as escolas e blocos.

Resta saber como o carnaval de Joaçaba irá se reinventar, já que tradicionalmente as escolas desfila em duas noites. Em 2019 essa organização já muda um pouco, pois no segundo desfile, ma segunda-feira, 4, a Aliança e a própria Unidos terão apenas algumas alas desfilando com a Acadêmicos do Grande Vale e Vale Samba.

Volta as origens

A história da Unidos do Herval começou a ser escrita nos anos 50, em Herval d’ Oeste. A iniciativa partiu de um grupo de casais, que se reuniu para desfilar nas ruas e clubes. A parceria durou até meados dos anos 70. Em 1979 o grupo voltou às atividades, e em 1981 a escola de samba foi fundada oficialmente.

A Unidos possui três títulos em carnavais nos anos de 1981, 2002 e 2014.

Como o carnaval chegou por essas bandas?

De acordo com o livro "Joaçaba, Samba. E Faz Escola" escrito em parceria com o Carnavalesco Jorge Zamoner em 2011. O Carnaval teria sido trazido por Manoel de Oliveira Lins, baiano que se fixou em Herval d’Oeste após escala no Rio de Janeiro, onde havia trabalhado com ninguém menos do que Mano Elói (cantor, compositor, pai de santo e camelô, eleito o primeiro cidadão-samba do Carnaval carioca em 1936). Ali, ele instalou um terreiro de candomblé, berço do “clube dos negros”, mais tarde conhecido como “Caticoco”. O local era reduto de batuqueiros que animavam os jogos de futebol com charangas, prontamente transformadas em baterias para a festa momesca.

Alô, Alô e o Anjos da Cara Suja como blocos precursores, em 1934.

Em 1979, a união dos blocos Fino Trato e Reis do Petróleo, da rapaziada que montara a companhia de Teatro de Joaçaba (Tejo) em 1972 sob a direção de Jorge Zamoner, resultou na Vale Samba a primeira escola de samba (e primeira campeã) joaçabense. Daquele desfile inaugural participaram também a (extinta) Esquinão e a Unidos do Herval (uma ampliação do Que Murmurem, com data oficial de fundação de 1981).

O pessoal achava que Carnaval era coisa do diabo. Éramos totalmente rechaçados. Até que uma senhora da alta sociedade desfilou, depois outra, outra… Todo esse processo fez com que o Carnaval se firmasse. Como a gente aprendeu fazendo, foi criando amor, as famílias foram se envolvendo e gostando – lembra Zamoner.

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